A Crítica Musical de Theodor W. Adorno: Da Vanguarda ao Jazz

Sobre o curso

Você conhece o conceito de Indústria Cultural? Sabia que ainda podemos perceber esse modelo na atualidade brasileira e que ele carrega um fator fundamental de formação de subjetividade?

A fim de tensionar essa discussão, nosso curso busca fornecer um panorama do desenvolvimento do argumento de Adorno a respeito do cenário musical de sua época, por meio de uma análise que irá acompanhar seus textos a fim de ressaltar as principais características de seu pensamento – empreitada que geralmente se restringe aos seus textos mais famosos, já dos anos 1940.

A crítica musical de Theodor W. Adorno, seu diagnóstico no conceito de indústria cultural, é um tópico polêmico da obra do autor. A posição de Adorno em relação a esse tipo de música, em especial o jazz com o qual se deparou em seu contexto, também suscitou inúmeras críticas vindas de várias posições intelectuais distintas. A partir do mergulho na bibliografia e no contexto histórico de sua produção, dimensão por vezes também esquecida, poderemos então avaliar a atualidade, a relevância e as possíveis deficiências da crítica musical adorniana, tal como a fertilidade de sua obra em se discutir a indústria cultural contemporânea.

Objetivo geral

O curso tem como objetivo geral realizar um amplo panorama da crítica musical de Theodor W. Adorno e de seu diagnóstico da cultura sob o capitalismo tardio, desde suas primeiras formulações que tratam da “nova música” de vanguarda que emergia no começo do século, até seus textos a respeito do jazz e da indústria cultural.

Objetivos específicos

1- Analisar de forma introdutória os principais aspectos e fundamentos da crítica musical adorniana.

2- Contextualizar historicamente os argumentos do autor diante das diferentes cenas musicais com as quais travou contato ao longo da vida.

3- Traçar o desenvolvimento geral da crítica musical adorniana ao longo de diferentes momentos de sua produção intelectual, ressaltando as diferenças, rupturas e continuidades ali encontradas.

4- Discutir os limites do pensamento de Adorno, tanto em relação às transformações ocorridas na indústria cultural, passadas tantas décadas, como também a partir das particularidades da cena cultural brasileira.

Programação do curso

Módulo 1 – Introdução geral ao pensamento adorniano e à sua crítica musical

Aula 1 – breve análise da tradição intelectual da qual o autor fez parte, tal como um sobrevoo sobre sua biografia e o contexto histórico de sua formação inicial;

Aula 2 – exposição sobre qual o lugar da crítica da cultura em sua obra, além de suas concepções musicais mais básicas;

Aula 3 – análise do contato que Adorno travou com a “música nova” de Arnold Schoenberg e Alban Berg.

Módulo 2  – Da música séria à música comercial: ampliação de interesses

Aula 1 – exposição de como Adorno ampliou sua discussão a partir da inclusão do jazz como objeto de estudo, tal como a caracterização histórica da cena musical da República de Weimar;

Aula 2 – análise das principais características que ele atribuía a essa música;

Aula 3 – discussão acerca do fetichismo musical e da regressão da audição, conceitos centrais para o pensamento do autor.

Módulo 3 – Adorno nos Estados Unidos: o diagnóstico da indústria cultural

Aula 1 – análise e discussão dos estudos de Adorno que tratam da música popular e do rádio, momento no qual novos desenvolvimentos teóricos surgem;

Aula 2 – primeira parte da exposição a respeito da famosa crítica de Adorno e Max Horkheimer à indústria cultural presente na Dialética do Esclarecimento;

Aula 3 – segunda parte da exposição a respeito da indústria cultural, com ênfase no lugar ocupado pela música em tal diagnóstico.

Módulo 4 – Escritos tardios e o pensamento adorniano à luz do presente 

Aula 1 –  análise de um texto de Adorno que integra seus cursos de Sociologia da Música dados no início dos anos 1960, onde retoma questões presentes desde o início de sua obra;

Aula 2 – discussão sobre a validade da crítica adorniana perante a indústria cultural no Brasil;

Aula 3 – exposição a respeito dos desdobramentos e transformações que a indústria cultural sofreu ao longo das últimas décadas; tensionando assim as posições de Adorno e colocando em discussão tanto sua potência como seus limites.

Público-alvo

O curso é destinado aos estudantes, pesquisadores e interessados em música, crítica cultural, sociologia e na obra de Adorno. Com uma linguagem acessível, nossa abordagem busca ir além dos muros da academia, com aulas que introduzem os temas de forma interdisciplinar e contextualizada, a fim de tornar bem-vindos tanto especialistas como leigos no assunto.

Referências

ADORNO, Theodor W. Crítica cultural e sociedade. In: Prismas: crítica cultural e sociedade. São Paulo: Editora Ática, 2001; p. 7- 26.
ADORNO, Theodor W. Arnold Schoenberg (1874-1951). In: Prismas: crítica cultural e sociedade. São Paulo: Editora Ática, 2001; p.145-172.
ADORNO, Theodor W. Recordação. In: Berg: o mestre da transição mínima. São Paulo: Editora Unesp, 2010; p.47-93.
ADORNO, Theodor W. Sobre el jazz. In: Escritos Musicales IV. Obra Completa, 17. Madrid, Ediciones Akal, 2008; p. 83-118. Disponível também em inglês: On jazz. In: LEPPERT, Richard (Org.). Essays on Music: Theodor Adorno. Berkeley: University Of California Press, 2002; p. 470-495.
ADORNO, Theodor W. Sobre o caráter fetichista na música e a regressão da audição. In: Indústria Cultural (Coletânea). São Paulo: Editora Unesp, 2020; p.53-101.
ADORNO, Theodor W. & HORKHEIMER, Max. A indústria cultural: O Esclarecimento como mistificação das massas. In: Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985; p.99-138.
ADORNO, Theodor W. Sobre a música popular. In: COHN, Gabriel (Org.). Sociologia: Theodor Adorno. São Paulo: Ática, 1986; p.115-146.
ADORNO, Theodor W. Música ligeira. In: Introdução à Sociologia da Música. São Paulo: Editora Unesp, 2011; p.85-111.
ZAN, José Roberto. Música popular brasileira, indústria cultural e identidade. In: EccoS Revista Científica. Vol.3, nº1. São Paulo: Uninove, 2001; p.105-122.
HULLOT-KENTOR, Robert. Em que sentido exatamente a Indústria Cultural não mais existe. In: DURÃO, Fabio Akcelrud; ZUIN, Antônio; VAZ, Alexandre Fernandez (Orgs.). A indústria cultural hoje. São Paulo: Boitempo,
2008; p.17-27.

Professores/as e ministrantes do curso

Lucas Fiaschetti Estevez

Doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Ricardo Musse. Em sua pesquisa, tem investigado a crítica de Theodor W. Adorno ao jazz. Originalmente desenvolvida no mestrado, com apoio do CNPq, a pesquisa foi promovida ao doutorado direto e agora conta com financiamento da FAPESP. Graduou-se em Ciências Sociais pela mesma universidade, onde atuou como bolsista de Iniciação Científica pelo CNPq. Possui artigos publicados na área de crítica da cultura, teoria sociológica, teoria crítica e estudos adornianos. É colaborador do site A Terra é Redonda, onde escreve sobre cultura, cinema e música. Tem experiência como professor e coordenador de projetos interdisciplinares no ensino secundário nas áreas de Geografia e Sociologia.

Detalhes do curso

Investimeto R$ 140.00
Curso gravado
Carga horária 6H
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Aulas gravadas e disponíveis durante e após o encerramento do curso

Certificado de conclusão com validade em todo o território nacional

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