No Dia do Professor/a: exercitemos a crítica sobre nós mesmos

Paula Corrêa Henning

O que cabe a nós professores/as nesses tempos de incerteza, angústia e confinamento? Talvez valesse perguntarmo-nos, no dia de hoje em especial, dia em que celebramos nossa profissão, qual nossa importância no âmbito societário?


De minha parte, entendo a importância do professorado e dos múltiplos modos que podemos exercer a docência e fazer a diferença nos espaços em que nos situamos. Porém, aceitar o convite de Foucault (2020) e exercer a crítica sobre nós mesmos, pensando sobre nosso trabalho docente é extremamente necessário para que possamos multiplicar nossos modos de compor a profissão que escolhemos. Trata-se de voltarmo-nos a nós mesmos e exercitarmos a problematização a respeito das nossas ações, fazeres profissionais e práticas cotidianas. Se conseguirmos escrutinar nosso pensamento, talvez possamos encontrar brechas, frestas de ar que nos joguem para a potência da criação.


Vale, uma vez mais recordar Deleuze (1999, p.2): “um criador só faz aquilo que tem absoluta necessidade”. Se nos sentimos em desconforto com as verdades educacionais que insistem em se instalar nos muros escolares, na sociedade e em nossas práticas educacionais, é momento de exercermos a crítica ácida sobre nossos modos de existir, conviver e fazer docência. Só podemos abrir passagem para isso se sentirmos essa necessidade de que nos fala Deleuze.


O convite desse pequeno texto é para que provoquemos nossas verdades e possamos multiplicar os modos de exercer a docência. Dessa proliferação poderemos ver nascer espaços outros no cotidiano de nossas salas de aula, sejam elas presenciais ou on-line. O exercício aqui é para que abandonemos, minimamente, a escola dedicada exclusivamente ao conhecimento e nos joguemos no ato da conversação ética, da amizade e do encontro conosco mesmo e com os sujeitos que fazem nossas práticas docentes valer a pena. Talvez assim, no exercício da problematização sobre nosso fazer docente, possamos responder positivamente a respeito da importância do nosso trabalho na sociedade precarizada que vivemos. Um feliz dia a todos nós!

Referências


DELEUZE, Gilles. O ato de criação. Edição brasileira: Folha de São Paulo, 27/06/1999. Disponível em http://escolanomade.org/wpcontent/downloads/deleuze_ato_de_criacao.pdf Acesso em 15 out. 2020.

FOUCAULT, Michel. O que é a crítica. Conferência proferida a Sociedade Francesa de Filosofia em 27 de maio de 1978. Disponível em http://michel-foucault.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/critica.pdf Acesso em 15 out. 2020.

Por Paula Corrêa Henning

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